Em Porto Alegre e BH, passageiros perdem, em média, 1h no trânsito. No Rio, 2h. E em São Paulo, 3h no dia. O custo do trânsito nas passagens pode chegar a R$ 150 por ano para quem pega 4 conduções.
Todos os dias, no trânsito das maiores cidades do Brasil, milhões de cidadãos perdem tempo, dinheiro e qualidade de vida. Por isso, nessa semana, você vai ver, aqui no Jornal Nacional, uma série de reportagens especiais sobre as consequências do transporte de massa de má qualidade.
A primeira delas mostra o tamanho desse problema em algumas das nossas metrópoles.Quase todos os caminhos levam a um congestionamento. Depois de uma rua tranquila, de uma avenida mais livre, difícil não cair no anda e para. “A cada dia que passa, o trânsito está piorando mais”, disse um cobrador.
O nó do trânsito está cada vez mais apertado. Numa pesquisa feita em quatro capitais, motoristas reclamaram que ficam presos nos engarrafamentos pelo menos duas vezes por dia.
Em Porto Alegre e Belo Horizonte perdem, em média, 1 hora. No Rio, duas. E em São Paulo, 3 horas no dia.
Para quem depende de transporte público pode ser pior. Às 6 horas da manhã, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, os repórteres entraram em um ônibus para ir até a Central do Brasil, no Rio. O primeiro ponto estava vazio. O percurso tem 40 km. Quanto tempo leva? Depende do transito.
Quando não está parado, por causa do congestionamento, o ônibus dificilmente passa de 15 km/h. Nesse ritmo, chega-se ao destino só 2 horas e meia depois.
Quando repetimos a viagem num horário de trânsito mais livre, ao meio-dia, economizamos uma hora no itinerário.
“É complicado, porque você tem que sair muito cedo de casa. Às vezes sai no escuro, na hora da volta e eu chego atrasada na faculdade. Tudo por causa do trânsito”, contou a estudante Daniele Serra.
Em São Paulo, o teste é da Zona Sul ao Centro da capital. Às 7h30 da manhã, há congestionamento fora e dentro do ônibus. Ana vai tentando recuperar o tempo perdido. “Tem que estudar, né? Porque a gente gasta muito tempo no trânsito, a gente gasta muito tempo esperando o ônibus. Então, tem que arrumar um meio de se ajeitar”, disse a estudante, Ana Albino.
Para percorrer 18 quilômetros, o ônibus gasta uma hora e meia. Fora do horário de pico, não melhora muito: uma hora.
Congestionamento é perda de tempo, de saúde e de dinheiro. Nem sempre conseguimos calcular o quanto se perde no trânsito. Então, para tentar medir os custos, resolvemos entrar num táxi, pra ter, pelo menos, uma idéia dos prejuízos.
No taxímetro, dá para ver, em corridas com e sem tráfego, o preço que pagamos pelos congestionamentos.
Para cruzar três bairros, com trânsito livre, a corrida sai por R$ 14,90. Já no fim de tarde, horário de pico, pagamos R$ 20,10. Ficou quase 35% mais caro.
Nos ônibus, muitos passageiros não sabem, mas acontece o mesmo. O engarrafamento tem um preço que entra na conta do valor da passagem. Mais tempo, mais combustível, mais funcionários, mais custos.
Só que as empresas de ônibus cobram de todos os passageiros. Em São Paulo são R$ 0,14em cada passagem. No Rio, R$ 0,17. E em Belo Horizonte, R$ 0, 19 centavos.
Parece pouco? Passageiro que pega 4 conduções por dia desembolsa, mais de R$ 150 por ano. Paga mais e tem menos qualidade de vida.
Para os estudiosos do trânsito, os congestionamentos só vão diminuir se o número de veículos nas ruas diminuir. E para que os brasileiros se convençam a deixar o carro em casa, o transporte de massa tem que melhorar muito.
“Mobilidade não é só ir de um lugar para o outro. Mobilidade é se movimentar com qualidade dentro da cidade. Então, as soluções estão em políticas públicas eficientes e comportamento individual melhor”, disse o professor da Fundação Dom Cabral, Paulo Resende.
É a esperança de Danila. Por causa dos congestionamentos, ela passa quase tanto tempo no ônibus quanto no trabalho. “Eu fico seis horas no serviço, mas é bem melhor do que ficar no ônibus. Se for juntar as horas que eu fico de ir e voltar, são cinco horas e pouco. É muita coisa mesmo. Cansa demais”, contou Danila de Souza.
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