Até este momento a industria brasileira, vinha crescendo sobre capacidade ociosa atingindo em Agosto índices considerados perigosos de 83% de utilização da capacidade instalada, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), obrigando os empresários a investimento na ampliação da capacidade produtiva buscando evitar o desabastecimento para os anos de 2005 e 2006, para tanto, é mandatário que tenhamos juros mais baixos e que seja abordado de forma estruturada nossos atuais gargalos.
O empresariado brasileiro vem trabalhando na ultima década de forma obstinada em tornar seus produtos competitivos internacionalmente na esfera tecnológica, ou seja, produzindo com grande qualidade e com preços atrativos no mercado global de manufaturados, porem, agora esta percebendo que simplesmente não é o suficiente ser competitivo da porta para dentro da sua empresa, estão perdendo competitividade justamente no custo logístico, ou seja, da porta para fora de sua empresas, que ficam mais de 40% superior aos praticados na Europa e EUA em alguns casos.
O modelo logístico do Brasil esta essencialmente e excessivamente focado no modal rodoviário, representando até 65% de todo o volume transportado, alem de ser o segundo modal mais caro perdendo somente para o aéreo. Este custo é agravado, ainda, pelo precário estado de conservação das estradas, principalmente no nordeste e norte do pais, considerando uma frota de veículos com mais de 15 anos de uso. No sudeste e sul somos privilegiados por termos estradas privatizadas que de uma forma cara oferece um excelente serviço, mas estruturalmente falando, precisamos de investimentos estratégicos em infra-estrutura, começando por espaço para armazenagem e passando por todos os modais principalmente o ferroviário e hidroviário que são alternativas muito econômicas e de grande segurança para a realidade brasileira, sem mencionar, que são modais mais do que testados em outros paises. O problema é quem irá fazer este investimento, já que, o poder público não tem verbas destinadas para a infraestrutura logística e os valores são astronômicos.A grande duvida é que se o Brasil mantiver um crescimento do PIB na ordem de 3% a 4% para os próximos dois anos não teremos como escoar a produção nacional de forma competitiva. Quando se fala de sistema logístico é importante que este seja harmonioso, ou seja, que todos os estados tenham boa infra-estrutura, afinal precisamos colocar nosso produto do Oiapoque ao Chuí.
A grande oportunidade do "crescimento sustentável" esta justamente em planejar estrategicamente como faremos (produzir e escoar) este crescimento, e como poderemos sustentá-lo em termos estruturais (inclusive energia) caso contrario, estaremos fadados a surpresas, como a crise de 2001 (apagão).
Atualmente, alguns setores da industria nacional que vem se destacando no crescimento das exportações estão seriamente ameaçados a não sustentar tal performance para os próximos anos, em função dos atrasos de embarque nos portos brasileiros que estão engargalados por falta de navios e containeres, criando uma percepção no exterior de um fornecedor com boa qualidade, bons preços, mas péssimo serviço em virtude dos atrasos de entrega. Sem falar em problemas mais básicos como, a industria de carrocerias e caminhões só estar aceitando pedidos para o ano de 2005, pois a produção já esta comprometida integralmente neste ano, gerando uma previsão de falta de caminhões para o final do ano em função das vendas de Natal que começam a movimentar o mercado a partir de Outubro.
Alem da questão estrutural temos ainda um grande percurso a ser trilhado na integração das cadeias de suprimentos entre fornecedores, industria e varejo que ainda estão muito focados em discutir o custo e não as oportunidades, pois, para tanto, teriam que desenvolver cadeias colaborativas de suprimento dividindo de forma franca informações e buscando juntos as oportunidades.
Fonte: Carlos Roberto Menchik - Gerente Nacional de Logística da Cia.Azaléia Calçados
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